sexta-feira, 15 de março de 2013

A Nau Catrineta

Lá vem a nau Catrineta


Que tem muito que contar!

Ouvide, agora, senhores,

Uma história de pasmar.

Passava mais de ano e dia

Que iam na volta do mar

Já não tinham que comer,

Já não tinham que manjar.

Deitaram sola de molho

Para o outro dia jantar;

Mas a sola era tão rija

Que a não puderam tragar.

Deitaram sorte à ventura

Qual se havia de matar;

Logo foi cair a sorte

No capitão general.

-- Sobe, sobe, marujinho,

Àquele mastro real,

Vê se vês terras de Espanha,

As praias de Portugal.

"Não vejo terras de Espanha,

Nem praias de Portugal;

Vejo sete espadas nuas

Que estão para te matar".

-- Acima, acima gajeiro,

Acima ao tope real!

Olha se enxergas Espanha,

Areias de Portugal

"Avíçaras, capitão,

Meu capitão general!

Já vejo terra de Espanha,

Areias de Portugal.

Mais enxergo três meninas

Debaixo de um laranjal:

Uma sentada a coser,

Outra na roca a fiar,

A mais formosa de todas

Está no meio a chorar".

--Todas três são minhas filhas,

Oh! quem mas dera abraçar!

A mais formosa de todas

Contigo a hei-de casar.

"A vossa filha não quero,

Que vos custou a criar".

-- Dar-te-ei tanto dinheiro,

Que o não possas contar.

"Não quero o vosso dinheiro,

pois vos custou a ganhar!

-- Dou-te o meu cavalo branco,

Que nunca houve outro igual.

"Guardai o vosso cavalo,

Que vos custou a ensinar".

--Dar-te-ei a nau Catrineta

Para nela navegar.

"Não quero a nau Catrineta

Que a não sei governar".

-- Que queres tu, meu gajeiro,

Que alvíçaras te hei-de dar?

"Capitão, quero a tua alma

Para comigo a levar".

-- Renego de ti, demônio,

Que me estavas a atentar!

A minha alma é só de Deus,

O corpo dou eu ao mar.

Tomou-o um anjo nos braços,

Não o deixou afogar.

Deu um estouro o demônio,

Acalmaram vento e mar;

E à noite a nau Catrineta

Estava em terra a varar.


Desenho elaborado pela aluna Beatriz Pires,nº 1 do 5º C

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