quarta-feira, 23 de março de 2011

Quem conta um conto.. Acrescenta um ponto.

Os alunos do 6º ano da EBI de Mota participaram no Concurso Literário, «Quem conta um conto...Acrescenta um ponto» Entregues os trabalhos e após uma rigorosa selecção a escolha recaiu no do aluno, João Azevedo do 6ºA, baseado no livro: «O Banqueiro Anarquista», adaptação de Clara Pinto Correia, trabalho que a seguir trancrevemos. Parabéns João!!

«O poeta ficou muito impressionado com o que o amigo lhe contou. Deve ter ido para casa a pensar no assunto. E foi…

A meio da noite, levantou-se, pegou num lápis, porque o nosso poeta gostava de escrever a lápis, achava que os pensamentos fluíam melhor e escreveu o poema Liberdade e, para quem não o conhece, vamos apresentar alguns versos:

Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada (...)

(…)Mais que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças

Nem consta que tivesse biblioteca...

O poeta não conseguiu dormir mais nessa noite, tal era o entusiasmo de concretizar o sonho do seu amigo banqueiro. Ele sabia que a sociedade anarquista, na prática era impossível, mas não o disse logo ao banqueiro para não o desiludir…não se destroem assim os sonhos aos amigos sem ter uma contrapartida. Agora sim, tinha a solução, acabara de criar um poema anarquista, um poema sobre a verdadeira Liberdade.
O nosso poeta descobriu que através da escrita e simultaneamente da leitura se pode controlar o mundo, “podemos viajar, perder países, ser outro constantemente”, só assim se pode criar o tão desejado mundo do banqueiro, o mundo maravilhosamente anarquista. Na manhã seguinte, bem cedo, telefonou ao banqueiro para lhe dizer que tinha descoberto a fórmula mágica para a criação do seu mundo “maravilhosamente anarquista”. Ele ficou em pulgas e combinaram encontrar-se à hora do almoço, no mesmo restaurante, para trocarem ideias.
O banqueiro chegou cedo, mas o poeta já lá estava. Conversaram muito, não é fácil mudar mentalidades, contudo, como todos sabemos, os poetas têm o dom da palavra e este acabou por convencer o anarquista, levando-o a perceber que “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. O banqueiro percebeu, então, que não se tratava de matar o seu sonho, mas antes de o pôr em prática de alguma forma…e porque não através da leitura e da escrita?!
E o dinheiro? - perguntam vocês. O dinheiro? Esse será posto ao serviço de todos aqueles que precisarem, incluindo o poeta, contribuindo assim para a criação de uma sociedade mais justa e respeitadora da liberdade individual.
O banqueiro ficou muito impressionado com a perspectiva de iniciar a sua nova vida…deve ter ido para casa a pensar na maneira mais rápida de pôr os seus sonhos em prática. E esta história não tem mais partes.»

João Azevedo, 6ºA